sexta-feira, 29 de março de 2013

Sem voz e sem audição: só amor

O tempo nunca é o suficiente quando esquecemos que a vida é um relapso que passa diante dos nossos olhos, disse Anália para o seu avô que, ali, sentado numa poltrona, completava 90 anos. Seu Jeremias levantou a cabeça e deixou para ela um sorriso no olhar. Em seguida fechou os olhos e nunca mais conseguiu abri-los.

Anália e o sr. Jeremias sempre foram muito amigos: conversavam, brincavam, quando ainda era criança; tudo bem que mesmo aos 20 anos de idade não tinha deixado de ser criança, pois ser criança é nunca perder a sensibilidade que todo adulto deve ou deveria preservar, isto é, a sensibilidade incrementada com amor.

Sim, Anália falou essa frase para seu Jeremias, através da transmissão comunicativa do olhar. Ele já não ouvia mais, também não falava. Mas quando duas pessoas se amam nada pode impedir que haja o diálogo para a convivência agradável. E foi assim que eles viveram durante os últimos 10 anos.

adenildo lima

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