quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ensaio sobre o si em mim visto por ti

Não. Não é de tema filosófico que vou falar. E quem sabe, talvez até seja, pois, se filosofia é sentir a essência da vida, que partamos agora no caminho do si em mim visto por ti.

A caminhada que chamamos de vida é longa, mesmo quando a existência do corpo feito matéria não dura muito. Recordo seu olhar, observando-me nos seus últimos momentos.

Parece que você sabia que ia abraçar o tempo, como os pássaros que voam à busca doutros horizontes. Uma lágrima caiu do seu olhar. Sim, uma lágrima também caiu dos meus olhos.

Procurei dizer alguma coisa. Não consegui. Você também tentou, mas já não falava mais. Tão jovem! Pensei comigo mesmo, no silêncio daquele momento de amor; e fúnebre!

No decorrer do pouco tempo em que ficamos ali nos olhando, vi-me através dos seus olhos. Senti-me pequeno diante do que chamamos de morte. E você parecia tão viva!

As nossas lágrimas se abraçaram através do nosso olhar. Beijei a sua face que, naquele momento, encontrava-se gélida, esfriando e esvaindo-se aos poucos. Conversamos...

Sim, conversamos, porque para se comunicar através do amor não precisa de palavras. As mãos falam ao se tocarem e a alma abraça o carinho transmitido no silêncio do si em si que se beija no sentir da pele.

Jovem! Vinte anos de idade. Vivíamos juntos há dois anos. Éramos grandes amigos e namorados. Amigos desde a infância. Foi difícil vê-la partir. Mas ela se foi tão feliz, parecia sorrir para mim.

Sim, o seu olhar ria. Hoje, quando lembro - e isso é, nunca a esqueci -, sinto vontade de chorar. Por que chorar? Pergunta o si dela em mim. Respondo que a melhor resposta é viver, e viver.

E ela viveu intensamente! Amou intensamente! Desfrutou intensamente! Penso: "para quem tanto amou, a vida nunca tem fim"...

Já as pétalas não permito que elas deixem o néctar para depois!

adenildo lima

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